AS ILHAS FLUTUANTES UROS DO LAGO TITICACA, PERU

Foto: Passeio de balsa feita de junco-totora navegando pelo Lago Titicaca.

LAGO TITICACA
Na escola, aprendi que o LAGO TITICACA era o lago navegável MAIS ALTO DO MUNDO, estando 3800 acima do mar. Foi desde este instante  que decidi que um dia o conheceria. Outro motivo que aumentou a fascinação foi saber que neste lago havia um arquipélago de ilhas flutuantes, as Ilhas Uros.

Foto: Navegando pelo Titicaca.

O ARQUIPÉLAGO DE ILHAS UROS
As ilhas flutuantes teriam surgiram há muito tempo atrás, da intenção do povo Uro de fugir da dominação de outros povos que se estabeleciam na região. O material que possibilita a flutuabilidade são blocos gigantes de emaranhados de raízes de totora. Sobre esses blocos são acrescentados caules e folhas de totora e a sensação que se tem ao caminhar nas ilhas é a de estar andando sobre um imenso colchão de água. O local é seco e não molha seu calçado. A sensação, ao se tocar o chão da ilha é de frio... até mesmo os bancos feitos de totora recebem uma cobertura de tecido para uma sensação mais confortável de calor.

Foto: Uma das primeiras ilhas flutuantes avistadas.

TRAJETO PELO LAGO
As ilhas precisam ficar em uma parte rasa do lago, de maneira que possam ser ancoradas, já que nas partes mais abertas do lago, as ondas podem alcançar até 3 metros de altura em dias com tempestades. Elas ficam a mais ou menos 15 minutos do porto, utilizando embarcações motorizadas. Durante o caminho, que é relativamente raso, se pode observar uma imensidão de junco-totora.

Foto: junco-totora crescendo na parte rasa do lago

Foto: Paisagens lindas podem ser vistas durante o trajeto, ficando na parte externa ou superior da embarcação.

OS MORADORES SÃO UMA FARSA?
Antes de visitar o Lago Titicaca, li em muitos blogs, que os blogueiros ficavam com uma desconfiança de que hoje as ilhas são apenas para turista ver, e que ninguém mora mais lá de verdade. Mas ao visitar as ilhas e conversar com os habitantes, em uma conversa espontânea e sem tocar nesse assunto, para não induzir uma resposta programada, fiquei com a impressão de que esse povo continua a ser legítimo nos dias de hoje e não só habitam essas ilhas, como lutam para manter sua identidade e impedir que outros, copiem seu modo de viver e se estabeleçam no Titicaca apenas para viver do turismo.

Foto: Habitantes das ilhas nos saudando.

Depois que voltei da visita das ilhas, fui pesquisar mais e encontrei um artigo escrito por um geneticista de um importante mapeamento genético do Continente Americano e li que os dados corroboram que a herança genética da população Uro ainda se mantém isolado do resto dos Quéchuas e Aimarás, ou seja, eles são legítimos e sequer se misturaram aos que vivem nas proximidades. Esse mesmo artigo foi divulgado pela FAPESP.

Além disso, pela prática ancestral de manejo do capim junco-totora, os costumes dessa população foram classificados pelo Governo Peruano como Patrimônio Cultura da Nação.

Foto: Em frente a uma das moradias, segurando um artesanato local, feito de junco-totora, imitando uma balsa real, comprado como souvenir e também para ajudar a família que me acolheu em sua casa para conversar.

Na minha experiência pelo Peru, nada foi tão rico e puro quanto o contato com este povo, tão incrivelmente acolhedor e simpático. Eles nos levam para dentro de suas casas, conversam conosco e nos colocam totalmente à vontade para fazermos perguntas.

TURISMO
Cada ilha recebe turistas apenas uma vez por semana, pois são 90 ilhas que fazem parte do arquipélago e é necessário que haja um rodízio para que todas as famílias possam ser contempladas com visitantes e consequentemente, com a única forma de obtenção da moeda local.

 Foto: Painéis solares distribuídos pela ilha flutuante.

Hoje em dia, ninguém resiste aos encantos da modernidade, então algumas ilhas, como as que visitei, contam com painéis solares e geradores, para gerar iluminação noturna para os moradores.

ALIMENTAÇÃO
A alimentação do povo Uro é bastante peculiar. Além dos onipresentes tubérculos da alimentação peruana, com os quais eles, entre outras coisas, fazem sopas, eles acrescentam argila a este caldo, engrossando e fornecendo uma série de minerais que falta em sua alimentação.

Foto: Nossos anfitriões comendo o miolo do caule do junco-totora.

Do junto-totora eles não apenas fazem suas ilhas flutuantes, casas, bancos, artesanato e demais coisas como também comem o miolo do caule. 
Eu fiquei muito tentado a pedir um pedaço para experimentar, mas eu tinha ouvido nosso guia dizer que a argila, com seus minerais, reforça o sistema imunológico dos locais, de modo que não é seguro, ao turista, comer aquele caule, retirado direto do lago e comido, sem antes higienizar com cloro...

Foto: Chefe da ilha segurando ave de caça, desidratada.

Para suas necessidades proteicas, os homens caçam aves e também pescam. O excedente do dia é desidratado pelas mulheres, já que não há geladeira para os processo de conservação.

Foto: Habitantes da ilha cantando e dançando em nossa homenagem.

Logo depois da demonstração do chefe da ilha de como as ilhas são construídas e de como se alimentam, os habitantes daquela ilha em questão se reúnem, cantam e dançam em várias línguas. Ao término disso, o grupo de turistas será dividido de forma espontânea, porque cada um será convidado a conhecer a casa de uma das famílias. Eu fui deliciosamente arrastado para dentro por duas das mais novas meninas da ilha, fofas demais, me convidando a conhecer onde moravam. Logo chegaram as mais velhas habitantes da casa, trazendo outras pessoas para a conversa.
Depois da conversa, você é convidado a conhecer os artesanatos produzidos pelas pessoas que moram naquela ilha e comprá-los, se for seu desejo.

PASSEIO DE BALSA DE JUNCO-TOTORA
Depois da experiência de vivência com os locais, você é convidado a passear de Balsa de capim totora. O passeio é em separado e lhe será cobrado 10 Soles (em junho de 2017).


No final do Passeio, será em uma ilha do arquipélago, onde há uma espécie de restaurante, vendendo bebidas e alguns salgados muito saborosos, além da possibilidade do uso de banheiro (1 Sole) e de carimbar seu passaporte com o carimbo das Ilhas Uros (1 Sole). Também há artesanato para se comprar.

OPINIÃO PESSOAL
Correndo o risco de ser apedrejado em praça pública, ouso dizer que gostei mais do Lago Titicaca com as Ilhas Uros do que de Machu Picchu! Machu Picchu é formado por ruínas históricas, coisas que amo e valorizo muito, mas as ilhas são formadas por GENTE. Gente que mantém sua cultura, tradições e material genético intacto há milhares de anos e esse tipo de contato, ao meu ver, NÃO TEM PREÇO!

RESERVAS
O passeio costuma ser feito unindo o Arquipélago Uros e a Ilha Taquile. Aqui descrevi apenas as Ilhas Uros, em outro post, descreverei a ilha Taquile. 
Naturalmente você poderá pesquisar na cidade outras agências e preços, mas como nossa estadia em Puno era apenas para o Lago, eu preferi chegar com o passeio reservado. Uma das agências mais baratas que encontrei na internet e com serviço muito bom foi a INCA LAKE. ACESSE AQUI e veja preço e possibilidades.

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO!
BOA VIAGEM
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Comentários

  1. Artigo muito interessante!!! Ainda não havia lido nada sobre essas ilhas, gostei muito de todas as informações. As fotos estão belíssimas!

    Franci Barbosa

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